sábado, 24 de julho de 2010

A fina e sútil arte de ferir cicatrizes III



A voz do vazio fala comigo, e me prende a uma dor silenciosa. As faces negras se aproximam cada vez mais, elas me cercam, tento fugir mas elas me prendem, e o lugar escurece.

Abro meus olhos e nada posso ver, não é a morte, certamente não morri. Mas a vida não é mais, porque os sentimentos de impotência me prenderam em um tempo inexistente, assemelha-se com meu sombrio passado.

Mas não. É algo ainda mais profundo, algo que te mata por dentro mas não acaba com a sua vida, algo que te decapita,te rasga,te fere, sem ao menos o dedo encostar em sua frágil pele humana.


O céu torna-se negro e o brilho da lua não se pode mais ver. Os anjos tentam te proteger, eles não queriam o seu isolamento nas sombras, te diziam o quanto você é forte e importante para a terra dos mortais. Mas, eles não são capazes com a morte que está dentro de você, eles não são capazes com o que há dentro de você, eles não são capazes de te libertar dessa profunda dor invisível aos olhos nus dos seres mortais. O diabo da impotência te prende nas sombras da melancolia. Há esperanças de cura.

Parecia tão real, numa fantasia, agora a dor me faz poesia... O que se passou, já se calou... O que ainda virá há de calar... As coisas são assim... o tempo vai passar.

Por Rob Miguel

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A fina e sútil arte de ferir cicatrizes II



Abri meus olhos
Resolvi tentar enxergar isso
Mas esse seu jeito me ofusca
Me faz esquecer tudo.

Não sei por que estou a escrever essas linhas.
Talvez seja por não conseguir suportar essa dor.
Gostaria de poder fugir, essa dor tamanha me apavora.

Porque tem de ser assim?
As noites insistem em me atormentar, será se posso suportar? Será se mereço?
Estou cansado, quero gritar, Mas minha voz está embargada e o gosto amargo da tristeza persiste.

Quero recomeçar novamente, um começo onde não tenha que me importar com nada e nem com o tempo.

Não sei explicar o que se passa, posso dizer que não posso apagar as coisas que não fiz por medo de tentar. Não posso... Não posso.

Os dias continuam, eu só queria poder gritar... Mas estou sumindo aos poucos... O amanhã já não sei.

Por Rob Miguel

A fina e sútil arte de ferir cicatrizes



 Me dá medo enfrentar esse sentimento
Tenho essa permissão de esconder o que sinto, é o mais profundo que sinto... Que não me deixa dizer o quanto eu te quero.
Porque te quero? Porque é assim? Porque não posso fingir que não te quero?
Obsessão por essa ilusão de não estar tão claro nos níveis do amor de qual eu não conheço nada.
Não que não tenha me apaixonado antes, mas dessa maneira de atormentar minha paixão até me deixar sem ar, não tinha.
Só de sentir o medo de que haveria um fim inevitável, me da essa vontade de chorar.
Queria encontrar outra solução para este martírio que me sangra lentamente o amor.
Tenho que dizer que descobri que a amo... Ainda que em silêncio não pude dizer.
Tive medo, e ainda tenho... Quem sabe sair fugindo!
Essa dor que me consome lentamente... Das pontas dos pés ás mãos chegam meus medos e enquanto me escondo nos meus sonhos, sempre chega uma parte que não consigo escapar.
Talvez nunca tivesse coragem de escapar para um lugar para pensar e assimilar o resto e correr o risco.
Porque em silêncio nas minhas almofadas, o único que escuto é o ar que ri e meus suspiros vãos, que pedem auxilio de amor... se tiver que ser assim, enfrentarei, ainda que doa mas enfrentarei.


Por Rob Miguel