sábado, 24 de julho de 2010

A fina e sútil arte de ferir cicatrizes III



A voz do vazio fala comigo, e me prende a uma dor silenciosa. As faces negras se aproximam cada vez mais, elas me cercam, tento fugir mas elas me prendem, e o lugar escurece.

Abro meus olhos e nada posso ver, não é a morte, certamente não morri. Mas a vida não é mais, porque os sentimentos de impotência me prenderam em um tempo inexistente, assemelha-se com meu sombrio passado.

Mas não. É algo ainda mais profundo, algo que te mata por dentro mas não acaba com a sua vida, algo que te decapita,te rasga,te fere, sem ao menos o dedo encostar em sua frágil pele humana.


O céu torna-se negro e o brilho da lua não se pode mais ver. Os anjos tentam te proteger, eles não queriam o seu isolamento nas sombras, te diziam o quanto você é forte e importante para a terra dos mortais. Mas, eles não são capazes com a morte que está dentro de você, eles não são capazes com o que há dentro de você, eles não são capazes de te libertar dessa profunda dor invisível aos olhos nus dos seres mortais. O diabo da impotência te prende nas sombras da melancolia. Há esperanças de cura.

Parecia tão real, numa fantasia, agora a dor me faz poesia... O que se passou, já se calou... O que ainda virá há de calar... As coisas são assim... o tempo vai passar.

Por Rob Miguel

Nenhum comentário:

Postar um comentário